segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Requiem for a Dream

Requiem  for a Dream não é obra-prima,mas não é ruim.A qualidade mais evidente é a atuação,todos estão bem,e Ellen Burstyn,fantástica.O texto,não tem  força por si só,mas é realista e “comum”,porque a priori estão sendo retratadas pessoas comuns.
No seu segundo filme, já se percebe o talento de Aronofsky ,ele é um ótimo manipulador(não vejo problemas nisso desde que funcione,é claro),consegue criar incômodo,alguns planos interessantes e propositalmente toscos, e algumas cenas impressionantes.A trilha sonora é espetacular e há alguns momentos de brilhantismo no uso do som e música.

     No entanto,qual é a mensagem do filme?Usar drogas faz mal?Se a proposta do filme foi  essa,o fime é deficiente,porque a discussão é bem mais profunda e não há desenvolvimento dos personagens.Algumas questões seriam bem mais interessantes e poderiam ser inseridas: usuários de drogas que não se ferram apesar de serem minoria minúscula,a dicotomia glamour-decadência no uso das drogas nas artes(em que Aronofsky e seus atores estão inseridos),motivações para se usar drogas,angústia incessante,etc.Essas questões não precisavam ser discutidas ou levantadas se a proposta do filme fosse por exemplo passar uma mensagem claramente niilista do tipo: a vida é uma m.. mesmo,não tem sentido,então vamos mostrar o sofrimento alheio para causar sensações,incômodo,mal-estar,enfim o vazio.Aí o filme seria genial,de uma coerência extrema,poderia-se criticar a motivação,mas nunca a coerência proposta-execução.

Essa falta de clareza na proposta,portanto foi o grande defeito da película.As cenas acabam ficando “jogadas”,dispersas.Não há uma unidade.É um bom filme,mas existem filmes muito melhores sobre o assunto e definitivamente não achei  a obra-prima sobre drogas que alardearam.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O Ciclo do Pavor

Realmente Mario Bava prioriza a imagem e a coisa sensorial em relação a  outros aspectos do filme.Isso implica que a história é bem simplezinha se for feita uma análise fria.

Mas o senso estético apuradíssimo de Bava cria uma atmosfera que eu diria que 99% dos diretores de suspense atuais não conseguem.Shyalaman parece criancinha perto dele(e olha que eu gosto muito do indiano).Tem que se notar o impressionante jogo de luz e sombra que o italiano faz trazendo gradativamente o filme do real para o onírico.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Stalker

1)A religião,ciência e a arte são três visões de mundo,a primeira e a terceira algumas vezes convergem,a segunda  e a  terceira dificilmente,a primeira e a segunda quase nunca.Uma viagem com as três interagindo,é portanto uma viagem metafísica.

2)O ritmo é extremamente lento,como deve ser o ritmo da reflexão de grandes questões,dando tempo de incuti-las,fazendo com  que estas se substancializem a partir das imagens.

3)Nietzsche introduziu o conceito de apolíneo e dionísico.Não há dúvidas de que o apolíneo é de suma importância para a humanidade,seja como força disciplinadora da violência dionísica,seja porque a razão é elegância por excelência.O dionísico,é violência criadora,é caos apaixonante.Tarkovsky  falando através do Escritor,parece preferir o Dionísico.Mas ambas as visões podem ser esgotadas, podem ser abaladas resultando num grande vazio,pois a armadura da racionalidade pode revelar grandes fissuras e viver pelas emoções é viver perigosamente.

4)Poucos filmes captaram beleza em grau tão profundo,beleza sem concessões,mesmo na feiúra.É uma beleza de doer os olhos.

5)O místico também tem problemas e sofre tanto quanto os outros,quanto maior a crença,maior a dúvida.Mas a grande ironia é que o ininteligível muitas vezes está debaixo dos nossos narizes,até porque se assim não o fosse,não seria ininteligível.

6)Para resumir talvez quem foi Andrei Tarkovsky ou mesmo Stalker  cito seu epitáfio:
Para o homem que viu o Anjo

quinta-feira, 28 de julho de 2011

TRUE GRIT


Freeze this moment a little bit longer,make each sensation a little bit stronger.

Não assisti a versão original.Não sei também se faz sentido dizer ”versão original”,pois os irmão Coen garantem não ter se inspirado na versão de 69  e sim,terem feito sua própria versão do romance de Portis.O que posso dizer é que esse é um dos filmes que fica um algo a mais depois que se termina de ver.
Bom,Jeff Bridges mais uma vez estava fabuloso.Cogburn,em meio a barba,grunhidos ,pólvora e whisky é um cara nobre.Durão,como tem que ser no velho-oeste,mas nobre.La Bouf(Matt Damon) também é herói western típico.Mas Mattie Ross(boa interpretação da garota Hailee Steinfeld) é o grande símbolo da determinação,ela simboliza o título original. Aliás o filme tem essa aura romântica dos western de outrora.Tem dureza,mas tem também cavalheirismo,mesmo entre os homens mais ruins.
Foi observado por alguns críticos como esse filme completa No country for old men como antípoda,já que neste a violência não permite mais nobreza nem honra.São tempos sombrios em que a violência é apenas estado bruto,caótico,aleatório.Embora o demoníaco Anton Chigurh(interpretação genial de Javier Bardem) possa ser considerado como  um cara que tem a sua honra,por mais anti-instintiva que essa visão possa parecer.
Mas o algo a mais que fica pra mim é mesmo o sentimento que se traduz na citação que abre esse texto,do bom e velho Rush.Ora,que sensações deveriam ter os personagens durante a sua aventura?Que sensações deveria ter Mattie ,escondidas em sua alma-fortaleza?Provavelmente raiva,ódio.La Boeuf e Cogburn não tiveram muito tempo para pensar em “sentimentos” ou demonstra-los(ainda bem),mas certamente tiveram raiva,incertezas.Apesar destas emoções serem aparentemente ruins,o que acontece quando o tempo passa?Bom,isso é respondido na belíssima sequência final.Tudo vira saudade.A aventura deu certo,não?Então até mesmo das dores daquela época tem-se saudade.É isso tudo que a madura Mattie quer rever junto com Cogburn.Mas Cogburn já se foi,aquilo tudo já se foi.O tempo passa e ele é implacável.

terça-feira, 19 de abril de 2011

O Rei Colin Firth

Finalmente assisti ao Discurso do Rei.Bem,não é o melhor filme do ano.Grande coisa.Faz milênios que eu discordo do vencedor do Oscar de melhor filme.Também não sou aquele cara chato que despreza o Oscar e só elogia o cinema europeu(não-inglês),iraniano,etc.Enfim,não é sequer o melhor filme entre os indicados ao Oscar de Melhor filme que assisti.Mas não é ruim.
O enredo é aquela coisa almofadinha da Coroa Inglesa.O rei está prestes a morrer,o filho mais velho fica só na gandaia,há um risco do filho mais novo herdar o trono.Mas o problema é que ele é gago,então surge aí a tensão que move o filme,a luta pela superação da gagueira.Se o espectador analisar bem,o roteiro é de uma quadradice sem tamanho.O negócio é cartesiano mesmo.Porém nem toda quadradice é chata ou ruim e nem toda vanguarda é boa;e o Discurso do rei é um filme bom.
É bom,porque o personagens principais são carismáticos.Tanto o heterodoxo terapeuta (Geoffrey Rush) como o Rei(Colin Firth).Na verdade,os dois atores são monstros e são eles o responsáveis pelo filme decolar.Criam profundidade num roteiro bom,porém raso.O Oscar de melhor ator para Firth foi merecidíssimo .Mas melhor filme, roteiro,e principalmente direção,não.
Primeiro porque Hooper ainda não tem consistência para ganhar um prêmio que gente muito maior do que ele não levou.Segundo ele não assumiu nenhum risco,deixando seus atores de primeira grandeza brilharem.Ele tenta em uma cena ou outra mostrar personalidade,como por exemplo com uma ou outra posição não-usual de câmera,mas o resultado disso é apenas estranho.Dos americanos,direção no sentido mais clássico,David Fincher;no sentido mais polêmico,Darren Aronofsky.Em resumo,um bom filme com um bom roteiro,bom diretor,atores geniais;mas que não merecia o Oscar de Melhor Filme,de roteiro,muito menos de Direção.

sexta-feira, 4 de março de 2011

A REDE SOCIAL


Até agora os dois melhores filmes entre os indicados ao Oscar desse ano  que assisti ,foram Black Swan e Toy Story 3,um pouco abaixo A Rede Social(The Social Network).Este foi dirigido por David Fincher,que é um dos melhores diretores do mundo e pode-se dizer,faz parte de uma elite.Fincher que já exibiu seus traços estilísticos com mais intensidade  em O Clube da Luta  e Seven(para mim continua sendo o melhor do diretor),nesse foi sóbrio,preciso,quase matemático.
Cinema é evidentemente subjetivo,mas existem algumas “objetividades” e embora  incomodado  com a frieza  de A Rede social,não posso dizer que Fincher errou a mão,essa frieza é intencional e consciente , ele a usa para se retratar uma geração,muito embora ao contrário que Fincher talvez pense,existem valores ou melhor vícios ali retratados que são universais.E essa geração é a geração de Mark Zuckerberg,criador do Facebook,é a geração atual ,é a minha geração.Ora, irei postar esse texto em um blog,na internet,um texto provavelmente inexpressivo,mas facilmente exposto ao mundo,através da internet,e o filme é de certa forma sobre internet. Muitos reclamam que a internet esfria  as relações pessoais,muitos contra-argumentam listando pontos positivos(que são de fato muitos),e a visão do realizador do filme e do roteiro de Aaron Sorkins e Ben Mezrich é mostrar a importância da internet mas mostrar também  como ela pode intensificar os vícios humanos e de certa forma as vezes deixar a vida robótica.Principalmente pela forma que constrói  Mark Zuckerberg.
Não dá para saber se Mark é daquele jeito,afinal o roteiro do filme é inspirado no livro The Accidental  Billionaires de Mezrich,mas o Zuckerberg que se vê na tela é um cara frio,robótico,tão robótico que nas cenas em que ele está programando,parece quase  uma simbiose entre computador e homem.O pouco de humanidade retratada no início e meio do filme não é uma humanidade no sentido considerado positivo.É mostrado sentimentos de ganância,vontade de poder,talvez também um certo sentimento de revanchismo nerd,e principalmente arrogância.Nesse sentido Jesse Eisenberg  faz uma grande interpretação transmitindo com precisão o que se pretendia com o personagem;seus tiques,sua fala e raciocínio rápido,e principalmente seu olhar vazio são perfeitamente empregados para compor o criador do facebook.Eduardo Saverin (Andrew Garfield) no fim das contas é mostrado como um cara legal,único amigo de Mark,que leva uma bela de uma puxada de tapete e Sean Parker(Justin Timberlake),criador do Napster ,é mostrado como uma cara cheio de lábia,trapaceiro e aproveitador.Os irmãos Winklevoss(Armie Hammer) parecem ser injustiçados por Mark,mas o roteiro não dá essa certeza e nem é possível simpatizar com eles.
A cena final retrata um sentimento mais apreciável no personagem principal,quando ele parece arrependido do que tinha feito a sua ex-namorada,e consciente de que apesar do sucesso e dinheiro a tinha perdido para sempre,aí o filme acaba e sobe a música Baby You´re a Rich Man e o início de empatia com o personagem morre. Foi uma grande injustiça Fincher não ter levado o Oscar de Direção pelo menos.Se analisarmos intenção versus resultado,Fincher foi perfeito,Aronofsky é um tanto polêmico, e Hooper,bem Hooper nem tem história ainda no cinema e deram o Oscar a ele.
E para fechar o meu texto,volto ao primeiro parágrafo e explico porque acho Black Swan e Toy Story melhores.Darren Aronofsky imprime seu estilo  e embora o a estética de Black Swan não seja  nova para quem curte um cinema mais alternativo,a soma dessa estética mais o estilo de Aronofsky cria um filme mais polêmico e corajoso.Aronofsky assume o risco e quem não gostou,não apenas desgostou,mas odiou e considerou até a personagem principal inócua.Mas quem gostou,não apenas gostou,mas amou,ficou hipnotizado,siderado e não irá esquecer tão cedo de BS e de Nina(e no fim das contas mais gente amou do que odiou).Toy Story 3 é extremamente convencional,mas incrivelmente poderoso.Esse filme é genial e nos lembra que as vezes é mais difícil fazer  algo “simples” e marcante do que algo complexo.E é impressionante como TS3 fala com quase todos os tipos de público.Já em A Rede Social, a mesma sucintez e frieza que o fazem tão bom impedem de alçar vôos maiores e parte mais desavisada do público pode até achar que trata-se apenas de uma cinebiografia,sendo que o filme é muito mais do isso.Em suma,Black Swan e Toy Story para mim são obras-primas,A rede Social é “apenas” muito bom.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

The last airbender

Este será curtíssimo devido ao maravilhoso recomeço (sarcasm mode on) na minha faculdade X:

"Fraco,atuações muito ruins e pela primeira vez não se pode perceber a personalidade de Shyalaman.Acho q o indiano finalmente chegou ao fundo do poço.Espero que se recupere!!!"
Pronto!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

KILL BILL vol1

Quentin Tarantino é um dos maiores diretores da atualidade.Há quem odeie a sua irreverência,mas não tem como negar a sua genialidade.Com certeza é o diretor americano que melhor combina cultura pop com insanidade,referências ao Cult como referência ao trash.Muitos consideram Pulp Fiction e Bastardos Inglórios seus melhores filmes(eu acho que Bastardos é top-5 fácil na década 2000-2010).Mas o que eu considero o mais divertido de QT é Kill Bill,os dois volumes,sendo que o 1 é ainda mais divertido.
Bastardos Inglórios foi sucesso de crítica e público porque brinca com um tema  teoricamente não brincável,a Segunda Guerra Mundial,mas também há homenagens ao antigo cinema,há a metalinguagem,muitos personagens tem nomes de diretores  do passado.Já Kill Bill é também um mar de referências,só que de referências pop.Em Kill Bill não há um discurso,a brincadeira é bem menos pretensiosa porque não utiliza um tema sério para chocar.Kill Bill é pura forma  e é vazio.Sim,o filme é vazio.
E porque KB é tão bom e tão melhor que zilhões de filmes de ação lançados pelo cinemão,sendo que é tão vazio quanto??Bom,porque a forma é muito,mas MUITO melhor.Tarantino usa essas referências pop para criar formas; novas cenas de ação de tirar o fôlego e/ou engraçadíssimas.A começar pela abertura do volume 1,bem violenta.
A noiva(Uma Thurman) busca sua vingança,busca liquidar aqueles que lhe causaram mal,a trupe de Bill(David Carradine) e por fim o próprio Bill; mas o que importa não é o senso de equilíbrio,de balança,que a temática da vingança traz.O que importa é vê-la destroçando um a um,porque como já foi dito,as cenas são as mais insanas,as batalhas muito empolgantes,um prato cheio para quem gosta de filmes de artes marciais e filmes de Samurais.O que dizer da luta entre a Noiva e sádica Gogo Yubari(Chiaki Kuriyama)?
O Volume 1 começa a chegar ao ápice na sequência em que  A Noiva luta contra os The Crazy 88 , guarda pessoal de O-Ren Ishii(Lucy Liu).Ali a katana Hattori-Hanzo parece insaciável em sua sede de sangue,capturando almas e corpos.Finalmente  o filme chega ao clímax propriamente com a luta contra O-Ren Ishii.O personagem O-Ren Ishii é muito interessante,Lucy Liu consegue nesse papel a sua melhor interpretação,e Tarantino traz um pouco do passado de O-Ren  em uma sequência de anime inserida no filme.
A luta entre A Noiva e O-Ren é algo genial,mistura a seriedade dos duelos dos samurais com a versão Don´t  let me be misunderstood do Santa Esmeralda de trilha sonora.E também tem uma pitada de humor –Essa é realmente uma katana Hattori Hanzo! – Finalizando com mais uma referência ao que Tarantino assistia,a música de Lady Snowblood , The Flower of Carnage. O volume 2 não é tão impactante,Tarantino tem que fechar a sua história,dá um pouco mais de conteúdo,mas a saga continua sendo mais forma.Apesar de tudo o Volume 2 é muito bom também.
Pra quem gosta de discussão séria sobre violência e vingança,ou seja quem esperava conteúdo vai se decepcionar.Mas quem gosta de filmes de ação por pura diversão,Kill Bill volume 1(e um pouco menos o volume 2) é brilhante.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Cisne Negro

O lago dos Cisnes é um balé dramático composto em  4 atos pelo compositor russo Tchaikovsky,pertencente  a  era  Romântica.E é este balé dramático,que Darren Aronofsky,se baseia para contar sua história.Essa história na verdade serve de pano de fundo para ele fazer um estudo psicológico de sua personagem principal Nina(Natalie Portman) e ir além,tratando de relações familiares,repressão,sexo e porque não discutir os limites da Arte e do artista.Nina é bailarina em ascensão  da Companhia de Balé de Nova York,e tem a chance de sua vida quando Thomas Leroy(Vincent  Cassel) decide fazer uma nova versão de O lago dos Cisnes,dispensando a antiga primeira bailarina(Wynona Ryder) e abrindo a vaga de Rainha dos Cisnes em aberto.
Entretanto a Rainha dos Cisnes  tem dois papéis: o cisne branco,a injustiçada princesa Odette transformada  em Cisne pelo malévolo mago Rothbart,princesa em cisne branco,etéreo,virginal,perfeito; e o Cisne Negro,a malvada feiticeira Odile transformada em irmã gêmea de Odette para trai-la,seduzir o seu  amado príncipe Siegfried.O amor verdadeiro seria a única forma de livrar a princesa da maldição de cisne.Thomas  sabe que Nina é perfeita para o papel,pois a mesma é frágil,etérea,virginal como o Cisne Branco!A dúvida será se ela conseguirá interpretar o Cisne Negro sensual e devasso,papel que a primeira vista parece perfeito para a bailarina Lily(Mila Kunis).
Ora,essa é uma grande sacada de Aronofsky,Nina é o próprio Cisne Branco!Resignada dedica toda sua vida ao balé e aqui o diretor não idealiza o balé,todas as bailarinas são dedicadas.Sua  câmera passeia pelas bailarinas e revela os detalhes,os treinamentos exaustivos,a competitividade intensa...porém Nina é a mais dedicada.A câmera mostra seus pés destruídos,suas feridas,e  mostra o mais importante,a vida de Nina,seu mundo interno.Seu quarto cor de rosa,seus bichinhos de pelúcia,sua mãe...Nina é castrada psicologicamente,sua mãe tudo controla,Nina se infantilizou,deu tudo de si,desenvolveu perfeita técnica,para ser uma bailarina perfeita,graciosa,etérea e...reprimida!E nesse ponto o diretor traz a discussão sobre os limites da arte,do  artista.O quanto deve ser feito para conseguir o que se quer,para conseguir a Arte em Excelencia,a Perfeição?
Nina,num primeiro momento,com toda sua abnegação,não poderá fazer bem seu papel de Cisne Negro.Ela sacrificou tudo em troca da técnica perfeita,mas é considerada frígida por suas colegas(muitos enxergam uma referência a Repulsa ao sexo de Roman Polanski).E isso é totalmente oposto ao que deve ser o Cisne Negro,pois este deve conter sensualidade,sedução.Nina fará de tudo para conseguir interpretar o Cisne Negro e o filme vai mostrando a desintegração psicológica,os delírios,a desintegração da realidade,a loucura da sua vontade de ser o Black Swan.
E tudo isso regado a Tchaikovsky,com a câmera dançante de Darren Aronofsky,a fotografia precisa  e sombria,tudo isso se funde e transforma Cisne Negro em um próprio balé.É claro, a estrela principal do filme não é Nina é Natalie Portman .Que belo trabalho fez a atriz,um trabalho intenso,corajoso;em um primeiro momento  a fragilidade de Nina se encaixa perfeitamente com a fragilidade de Natalie,mas depois a atriz surpreende indo além,mostrando garra,mostrando força,indo além de seu gracioso recato de sempre.
E depois do apoteótico ato final do filme,as dúvidas surgem,voltam as reflexões.A trajetória de Nina seguiu todo esse rumo porque?Porque no fundo ela queria libertação?Libertação de sua frigidez,de sua “caretice”?Desejo de vida??Desejo de libertação  da sua mãe castradora???Porque assim seu inconsciente queria????Ou porque o seu amor pela arte,pelo sucesso,pelo balé estava acima de qualquer coisa?Acima da vida “normal”,acima de amigos,de suas colegas bailarinas?Acima de sua mãe castradora,acima até mesmo do seu  medo de sexo??Acima até mesmo de sua própria vida???Seu inconsciente era na verdade amor puro pela arte???A frase final de Nina  - Eu fui perfeita!- carrega todas essas dúvidas.
Porém,fica uma certeza :Darren Aronofsky dos ótimos Requiem para um sonho e O Lutador,realizou  uma obra-prima!!

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Comecei um blog

Este blog provavelmente vai ser uma porcaria,assim como seu autor...

Acho que vou falar no geral de cinema,um monte de m.... sobre cinema.

Bom,é isso.