segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Requiem for a Dream

Requiem  for a Dream não é obra-prima,mas não é ruim.A qualidade mais evidente é a atuação,todos estão bem,e Ellen Burstyn,fantástica.O texto,não tem  força por si só,mas é realista e “comum”,porque a priori estão sendo retratadas pessoas comuns.
No seu segundo filme, já se percebe o talento de Aronofsky ,ele é um ótimo manipulador(não vejo problemas nisso desde que funcione,é claro),consegue criar incômodo,alguns planos interessantes e propositalmente toscos, e algumas cenas impressionantes.A trilha sonora é espetacular e há alguns momentos de brilhantismo no uso do som e música.

     No entanto,qual é a mensagem do filme?Usar drogas faz mal?Se a proposta do filme foi  essa,o fime é deficiente,porque a discussão é bem mais profunda e não há desenvolvimento dos personagens.Algumas questões seriam bem mais interessantes e poderiam ser inseridas: usuários de drogas que não se ferram apesar de serem minoria minúscula,a dicotomia glamour-decadência no uso das drogas nas artes(em que Aronofsky e seus atores estão inseridos),motivações para se usar drogas,angústia incessante,etc.Essas questões não precisavam ser discutidas ou levantadas se a proposta do filme fosse por exemplo passar uma mensagem claramente niilista do tipo: a vida é uma m.. mesmo,não tem sentido,então vamos mostrar o sofrimento alheio para causar sensações,incômodo,mal-estar,enfim o vazio.Aí o filme seria genial,de uma coerência extrema,poderia-se criticar a motivação,mas nunca a coerência proposta-execução.

Essa falta de clareza na proposta,portanto foi o grande defeito da película.As cenas acabam ficando “jogadas”,dispersas.Não há uma unidade.É um bom filme,mas existem filmes muito melhores sobre o assunto e definitivamente não achei  a obra-prima sobre drogas que alardearam.